Geração Fotovoltaica: além da energia

Geração Fotovoltaica: além da energia

A primeira conferência mundial sobre meio ambiente foi promovida pelas Nações Unidas em junho de 1972, em Estocolmo, Suécia. A conferência marcou o início de diálogo entre países sobre problemas ambientais e a relação entre o crescimento econômico, a poluição do ar, da água e dos oceanos e o bem-estar da população mundial.

Vinte anos depois, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi realizada no Rio de Janeiro e ficou conhecida internacionalmente como Cúpula da Terra (Earth Summit) ou ECO-92, aqui no Brasil. O objetivo era criar um plano de ação internacional em questões ambientais e de desenvolvimento, o que resultou na chamada Agenda 21, um programa para alcançar o desenvolvimento sustentável global no século 21. A Conferência também destacou que aspectos sociais, econômicos e ambientais são interdependentes e evoluem juntos. A melhoria em um aspecto requer ações em outros para que todos sejam sustentáveis ao longo do tempo.

A partir de 1995 as Nações Unidas passaram a organizar conferências sobre a mudança climática. As Conferências das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima ocorrem anualmente e são denominadas de COP (Conference of the Parties). As mais memoráveis foram a COP 3, ocorrida em 1997, em Quioto, Japão e a COP 21, ocorrida em Paris, França. Destas duas Conferências resultaram o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, respectivamente. O primeiro determinou a redução mandatória da emissão de gases de efeito estufa para alguns países cujo efeito mais direto é o aquecimento global; o segundo determinou metas de redução da emissão de gases de efeito estufa para que o aquecimento global fique bem abaixo de 2 °C, de preferência a 1,5 °C, em comparação com os níveis pré-industriais (UNFCCC, 2021).

Desde então, temas como a mudança climática e sustentabilidade são recorrentes nas agendas políticas e econômicas porque os efeitos da mudança climática são danosos e podem ser irreversíveis. Os efeitos sobre o meio ambiente incluem o agravamento de secas ou alagamentos e consequente desequilíbrio da biodiversidade. Para os humanos as consequências tendem para a escassez de água e alimentos.

O primeiro passo para mitigar os efeitos da mudança climática é reduzir a emissão de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). O elemento comum nestes dois gases é o carbono. Por isso, governos e empresas têm se preocupado com as consequências de suas atividades para as futuras gerações e buscam formas de descarbonizar suas atividades. Isso requer o consumo de energia produzida com menos ou nenhuma queima de combustíveis fósseis (carvão, derivados do petróleo e gás natural); em outras palavras é preciso substituir o consumo de energia fóssil por energia limpa, produzida a partir de fontes renováveis.

Os gases de efeito estufa são emitidos principalmente pela queima de combustíveis fósseis em vários setores e atividades humanas. O setor energético, que engloba a produção de eletricidade e calor e o setor de transporte como um todo, é responsável por 73,2% da emissão de gases de efeito estufa em nível mundial. Somente a eletricidade consumida em edificações e pela indústria em geral responde por 41,7% do total de emissões. As emissões pelo transporte rodoviário (veículos leves e pesados) respondem por 11,9% do total na proporção de 60/40 para o deslocamento de passageiros e transporte de cargas, respectivamente (RITCHIE; ROSER, 2020).

O uso de recursos renováveis como solar, eólica, hídrica e biomassa ajuda a descarbonizar a geração elétrica. As duas últimas, entretanto, dependem de regimes hidrológicos ou diretamente da água, concorrendo com a agricultura e o consumo humano. No transporte, os biocombustíveis (etanol e biodiesel) já são um passo importante para a redução de gases de efeito estufa do setor.

Os veículos elétricos e híbridos são outra opção e podem ajudar a reduzir drasticamente o uso de combustíveis de origem fóssil como a gasolina e o diesel. A eletricidade para a recarga das baterias, contudo, precisa vir de fontes limpas e estar amplamente disponível geograficamente para terem efeito sobre a redução das emissões. Aliás, com o declínio do preço das baterias, a eletrificação do transporte de passageiros pode chegar a 70% até 2050 com a eletricidade abastecendo 43% do consumo total de energia do setor de transportes (IRENA, 2019).

Por esta razão, reduzir emissões da geração elétrica e do transporte deve ser o objetivo central para mitigar os efeitos da mudança climática. A combinação da geração distribuída fotovoltaica com a eletrificação do transporte tem apelo sustentável com redução das emissões aliado à potencial redução de custos operacionais, além do fato da geração fotovoltaica estar amplamente disponível. A geração distribuída fotovoltaica e a eletrificação do transporte, juntos, podem acelerar muito o desenvolvimento sustentável com baixo carbono e evoluir simultaneamente os aspectos social, econômico e ambiental em detrimento de apenas um deles.

Referências

IEA (2019). World Energy Outlook 2019. Acesso em 12 de junho de 2020. Disponível em https://www.iea.org/.

UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE (UNFCCC). The Paris Agreement. Acesso em 13 de setembro de 2021. Disponível em https://unfccc.int/process-and-meetings/.

UNITED NATIONS. United Nations Conference on the Environment, 5-16 June 1972, Stockholm. Acesso em 16 de julho de 2021. Disponível em https://www.un.org/.

UNITED NATIONS. United Nations Conference on Environment and Development, Rio de Janeiro, Brazil, 3-14 June 1992. Acesso em 16 de julho de 2021. Disponível em https://www.un.org/.

RITCHIE, H.; ROSER, M. (2020). CO₂ and Greenhouse Gas Emissions. Publicado online em OurWorldInData.org. Acesso em 16 de julho de 2021. Disponível em: https://ourworldindata.org/.

Foto de Ralph Hutter em Unsplash.

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